Como é feito a Avaliação Neuropsicológica em pessoa com TDAH?
- Daniel Barboza Salvador
- 8 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Melhor do que contar com termos teóricos, vou apresentar um caso, que pode exemplificar bem todo o processo. Se não entender algo, entre em contato comigo. Posso fazer um post para explicar melhor.
Aqui irei apresentar um caso de uma criança que foi diagnosticada com TDAH, depois da avaliação neuropsicológica, solicitada por uma neuropediatra.
O menino que queria ir ao banheiro
Lembro de uma avaliação de uma criança de 8 anos de idade. Primeira consulta e estava com a mãe e a criança dentro do consultório. A mãe relatava sobre o comportamento dele e dificuldades na escola. No entanto, a criança sentada na cadeira ao lado, calma e concentrada em um livro que encontrou em minha sala.
Depois de 20 minutos a criança interrompeu a mãe e pediu para ir ao banheiro. Foi de repente. A mãe autorizou. Continuou a conversa e me contou que às vezes ele tira toda a roupa para ir ao banheiro. Isso me chamou a atenção, pois demonstrou um prejuízo de controle inibitório da criança. Pedi para a mãe acompanhar seu filho.
Então, quando ela entrou no banheiro, encontrou ele pendurado na janela. Evitamos o risco de uma queda. Foi uma situação de muito aprendizado para todos. Desde então, nenhuma criança, em meu consultório, entrou no banheiro desassistida.
Avaliação Neuropsicológica: como?
Iniciamos a Avaliação Neuropsicológica. Fizemos uma avalição de inteligência, para identificar o nível intelectual da criança. O resultado, entre outros, é do QI. Ele é importante para estabelecer um nível de comparação.
Foi avaliado também a memória, importante para saber como e quanto esta criança era capaz de armazenar informações (isso ajuda a escola).
E claro, avaliamos os tipos de atenção (concentrada, dividida, alternada e visual) e as funções executivas (este merece um post explicando o que é exatamente).
Também foi avaliado questões emocionais: ansiedade, humor, estresse e personalidade.
E o nível de educação adquirida, ou seja, o quanto ela conseguiu aprender de conteúdo escolar em relação a escrita, leitura e aritmética (assim saberia se estava atrasada, adiantada ou na média, em comparação com outras crianças de sua idade).
Resultados avaliados
Resultado, identifiquei que o nível de inteligência desta criança era médio inferior, ou seja, um pouco abaixo da média, em comparação com outras crianças com mesma idade. Sua capacidade de armazenar informações estava dentro do esperado, mas tinha maior facilidade com informações visuais, do que verbais. Sua atenção dividida apresentava maior prejuízo e sua atenção sustentada estava dentro da média.
Já sua impulsividade tinha prejuízos, e seu planejamento e organização era prejudicado, perdendo sempre a meta das atividades (não consegue finalizar uma atividade) pois era uma tentativa de desviar de suas fragilidades, mas devido ao seu limitado recurso intelectual, encontrava as piores respostas, o que o colocava em risco e apresentava-se de forma inadequada para a sociedade.
Certo, e o que podemos concluir?
Portanto, pudemos concluir que sua atenção prejudicada interferia no armazenamento de informações, que por sua vez, se não estava na memória, perdia a meta, pois esquecia o que precisava fazer. Seus atos impulsivos eram uma maneira que ele encontrou para desviar dessas dificuldades, mas devido ao seu baixo recurso intelectual, encontrava soluções prejudiciais, colocando-se em risco ou prejudicando suas relações sociais.
E como isso ajudou a criança?
Ajudei a escola a colocar mais recursos visuais no método de ensino para esta criança, em conjunto com os recursos verbais, visto que ele teria mais facilidade de aprender. Também foi solicitado que diminuísse os estímulos, visto que ele tinha dificuldade em selecionar o que deveria prestar atenção (colocar em sala reduzida de alunos, sentar-se na frente, etc).
Para os pais, orientei que era importante retomar os combinados com ele, colocando as metas de forma clara e com pontos marcantes de evolução, para ser retomado ao longo do processo, ou seja, temos o objetivo A, para isso temos primeiro que fazer 1, depois 2 e por fim 3. Assim, poderia retomar durante o processo da atividade e relembrar que estavam fazendo isso para o objetivo A.
Quanto as terapias, indicado psicoterapia cognitivo comportamental para trabalhar as questões cognitivas, avaliação psiquiátrica e recursos pedagógicos para auxiliar a escola.
Melhorou?
Após um ano, foi realizado uma reavaliação, que demonstrou muitos progressos. Mas aí é outra história pra contar...
Gostou?
Se você conhece alguém que está em uma situação parecida, compartilhe este post. Pode ser que ajude. Se precisar de uma consulta, agende comigo. Será uma satisfação atender você!
DANIEL SALVADOR
Psicólogo e Neuropsicólogo
CRP 6/120503

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